domingo, 27 de abril de 2014

DIA 3 - ELIAS FAUSTO A SALTINHO - 65 KM


Hoje acordei às 06:00 hrs e fui fazer o reconhecimento da Fazenda Milhã, na melhor e mais bonita hora do dia: ao nascer do sol. A previsão do tempo era para um dia chuvoso... não para nós! Agnaldo e Rosana até comentaram que choveu um pouco durante a noite, mas sinceramente não ouvi. Fui até o início da fazenda e consegui captar uma das mais belas fotos do percurso. 


Andando um pouco mais, consigo captar outra imagem de tirar o fôlego. 


Ontem, li algo sobre um Jardim Japonês e fui procurá-lo. 



Cristina Pacheco, uma das proprietárias da fazenda, idealizou criar um espaço para integrar natureza, observar plantas, flores, borboletas, pássaros e meditar. Para isso desenvolveu, com ajuda de seus colaboradores, o 'Jardim Japonês'. O jardim vem sendo construído, desde 1996, com pedras (de origem vulcânica) da própria fazenda. O local é realmente capaz de nos trazer muita paz... 





Quando volto para nosso alojamento, encontro a querida Rosana, colaboradora daqui, preparando o café da manhã. Aliás, estou sendo injusta com ela, pois esqueci de enfatizar o quanto o jantar de ontem foi perfeito! Ela nos fez um frango... meu Deus, que delicia! Minha gratidão de coração a você, minha querida. 



Tomamos o café da manhã, preparamos nosso lanchinho para a hora do 'almoço' e partimos já saudosos da maravilhosa noite que tivemos por aqui... Obrigada Palma, Maria, Cristina, Ivani, Rosana e todos os outros colaboradores que nos receberam de forma tão humana! 


Estávamos muito próximos a Capivari e uns 6 km depois entramos na cidade. Infelizmente, como é domingo e um pouco cedo, estava quase tudo fechado. Não conseguimos pegar nosso carimbo, por isso partimos. 




Entramos novamente no canavial procurando encontrar o próximo ponto de apoio: Família Bianchin.



O lugar é um verdadeiro paraíso! Fomos muito bem recebidos, pegamos nosso carimbo e logo após partimos. 








Saindo da Família Bianchin, há uma placa que eu acho o máximo! A referência é em relação a uma 'subidinha', logo depois da placa. 


Na sequência, chegamos a cidade de Mombuca. Passamos na Pousada que nosso amigo Bruno dormiu e conhecemos a simpática hospedeira Néia, que muito gentilmente nos serviu uma água fresquinha e carimbou nossas credenciais! 




Mas ela nos deu algo mais, pois foi a portadora de uma entrega muito especial! Nosso querido companheiro de viagem, Bruno, nos deixou duas coisas... um chocolate e o circulo, que ficava em volta da seta do colar, todo partido. Pediu que ela entregasse, a nós quatro, dizendo que aquilo era um símbolo do quanto significávamos para ele... á partir de agora, cada um de nós carregaria um pedacinho de seu colar como que demonstrando que fazemos parte de 'seu caminho'. Ficamos tão emocionados que não sabíamos nem o que dizer... abracei-a e agradeci... no entanto, prometemos dar um abraço tipo 'clube social' (coletivo) quando o encontrássemos Bruno novamente. 


Foto do colar partido:

Hoje é o famoso dia das grandes subidas e quantas são! Mas, não existe belas paisagens sem uma boa subida, por isso... 'bora' subir!



Quando estamos lá em cima... bem perto do céu, encontramos uma longa e interminável reta, muito gostosa por sinal! Quem disse que não temos a nossa região de 'Burgos' aqui no Caminho do Sol?!?


Foto - Caminho de Santiago de Compostela - região de Burgos:



Em nosso guia orientava-se que, caso estivesse chovendo, deveríamos seguir pelo asfalto. Ignoramos esta informação, embora havia chovido a noite. Passamos por algumas 'pirambeiras' que nos divertiu muito. Filipe disse que era possível subir pedalando, por isso, foi a frente e nos mostrou como fazer. Na sequência, avisamos a ele que era possível subir empurrando, por isso, mostramos a ele se faz. Ríamos enquanto empurrávamos a bike...


Mais algumas subidinhas 'cala-boca', momento de meditação, onde ninguém quer conversar (não sei porque) e umas rápidas paradas para foto. 







Ouvi muito desta história de 'Nuvem', em que anjos do caminho preparam coisas físicas, para os peregrinos... e hoje, sentiríamos o maravilhoso efeito disso! Depois de uma sequência complexa de subidas, e um sol de lascar, passamos por uma Igrejinha, que depois descobri ser a Igreja de São Pedro. Logo após, chegamos em um ponto de apoio ao peregrino - Pousada Arapongas. No entanto, aqui não mora ninguém... trata-se de uma escola abandonada que foi adquirida pelo Instituto Caminho do Sol para servir como Pousada e ponto de apoio. As pessoas que cuidam daqui, são todas voluntárias... há um sistema rotativo que conta com a participação de vários peregrinos. Hoje, tivemos o grande privilégio de conhecer o Sr. Paulo Martins, mais conhecido como Kalanguinho, que mora na Praia Grande, e que está aqui especialmente para nos receber.

Paulo Kalango e Delma
Quando nos viu passar, rapidamente abriu a escola e nos deu água gelada, uns doces e muita atenção! Ficamos imensamente gratos e felizes por tal receptividade! Obrigada Kalango e a todos os outros que participam desta modalidade de trabalho!





Reabastecidos, seguimos em frente. Logo após, Rosana notou que o pedal de sua bike não estava normal, estava travando... Filipe até mexeu, para tentar soltá-lo, mas infelizmente isso resolvia momentaneamente e logo estava travado de novo. Por isso, começamos a pedalar muito devagar, o que me permitiu fazer mais algumas fotos bem interessantes.









Deixei de falar que, todos estes dias, vimos muitas borboletas pelo caminho! Em especial, encontramos umas pequenas, na cor amarela, mais ou menos da cor de nossas camisetas. São lindas e durante muitas vezes, nos acompanhavam, voando ao nosso lado. 





De repente, o pedal da Ro travou de vez... ela estava esgotada tanto física, devido a grande força que estava fazendo, como psicologicamente, devido ao medo de não conseguir terminar. Sei que você, prezado leitor, pode estar pensando... porque um dos dois homens não trocou de bike com ela? Não é confortável fazer isso, devido a altura do banco que é obtida através da altura de cada pessoa... e como estamos carregando alforge, e o suporte é fixo no 'canote', não é tão simples alterar a altura do banco. Por isso, pedi a ela para trocar de bike comigo, pois nossa altura era praticamente a mesma, e eu me sentia muito bem. Sem que fosse possível pedalar com a bike dela, segurava no braço do Filipe de modo que conseguíamos ir em frente, apenas com o Filipe pedalando. Durante as subidas e retas eu apoiava em seu braço e nas descidas seguia no embalo. Ela ficou toda triste, achando que estávamos fazendo demais... dizia que era preferível que ela fosse empurrando. No entanto, eu fingia não ouvir... acho que depois ela percebeu o grande valor do apoio amigo, em uma hora como essas! Seguimos durante uns 8 km deste jeito e chegamos todos juntos, na casa de Jesus e Adriana, Pousada Monte Branco. Foi uma sensação muito boa! Quando cheguei em frente a pousada, soltei um grito de alegria e Filipe e eu nos abraçamos e beijamos! Logo depois, chegaram Rosana e Agnaldo. Filipe desmontou o pedal da Ro, com a grande e fundamental ajuda de Mário, um integrante do grupo Rio Claro, conseguindo liberar o mesmo. Assim que chegamos, o querido Jesus e Adriana, nos trouxeram uma deliciosa porção de calabresa, pão e queijo. Nos alimentamos e, depois de um merecido banho, fomos nos divertir com os passarinhos da espécie calopsita, muito bem adestradas, do Sr. Jesus. Foi uma farra só! Aliás, falando em alegrias, olha quem estava lá na pousada: nosso querido amigo Bruno!!


Aninha, gigante... uma querida! Ela estava com o grupo de Rio Claro... uma pessoa incrível!!





Nosso querido hospedeiro Jesus, mostrando tamanha habilidade com seu papagaio
Quando percebi que o sol estava saindo de cena, foi a hora de correr e encontrar um bom lugar para assisti-lo. Que grande espetáculo da natureza, obrigada meu Deus!





Ao voltar, vi uma inscrição na porta de entrada, que não é difícil de compreender... 


Jantamos uma comida maravilhosa, feita com muito carinho por Adriana e seus ajudantes. 


Depois disso, fomos todos nos deitar, muito satisfeitos por mais este dia, no maravilhoso Caminho do Sol!

4 comentários:

  1. ...mais um dia perfeito, porém o mais duro, pelas subidas, e também pelo problema mecânico.
    Aprendi muito nesse dia, principalmente a questão da solidariedade no caminho, como diz o Filipe "trabalhamos em equipe", é bem isso, mesmo que o caminho seja algo intimista, cada um tem seus pensamentos, seus momentos, nunca é um caminho solitário, vazio, pois sempre temos pessoas ao nosso lado, anjos que nos fazem ter ... um bom caminho.

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    1. Com certeza, anjos que nos ajudam a continuar, sempre...

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  2. É uma delícia ler tudo isso! Faço o caminho pela segunda vez.
    Abraços!

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