sábado, 26 de abril de 2014

DIA 4 -SALTINHO A ÁGUAS DE SÃO PEDRO - 48 KM


Hoje acordamos umas 06:30 hrs, com a preparação para o café da manhã. Para nossa alegria, Rosana que normalmente tem sérios problemas para dormir, hoje dormiu super bem! Arrumamos nossas coisas, ajeitamos as bikes, tomamos nosso café da manhã, nos despedimos de Jesus e Adriana, e depois partimos. 





Rosana segue um pouco insegura, sentindo que seu pedal novamente começa a endurecer... alertamos a ela que tenha calma, não temos pressa, visto que hoje, o pedal tem a menor quilometragem do percurso.



Passo por um cãozinho fazendo pilates e decido registrar este momento. Respiraaa, inspiraaa...



Para nosso desespero, o pedal da Rosana começa a travar novamente. Á partir daqui, nos próximos 20 km, paramos umas 10 vezes para soltá-lo. Tivemos muita sorte em ter o Filipe conosco que, além de ser muito paciente, entende o suficiente de bike para conseguir ajudá-la (amo você, meu maridinho lindo!).



Temos logo no início do dia, uma sequência de subidas que nos leva a umas vistas maravilhosas! Aproveitamos para fazer umas fotos. 







Percorremos uns 10 km nesta linda estrada, até chegarmos ao asfalto. No final, há uma seta com uma sinalização escrito: 'Ânimo!' e me lembro imediatamente do 'Caminho de Santiago'... por lá, as mensagens aparecem nos lugares mais inusitados que você pode imaginar...


Foto tirada no Caminho de Santiago:

Quando chegamos em Piracicaba, pegamos um caminho diferente da rota dos 'peregrinos', pois aqui, o trecho deles é feito através de um barco (veja vídeos no youtube). No entanto, também recebemos um 'prêmio' pois, para atravessar o Rio de Piracicaba, o fazemos por uma bela ponte de ferro... neste momento, lembro-me do Vale Europeu, uma cicloviagem que fizemos no final do ano passado. Há muitas pontes lindas, pelo percurso!




Em nosso guia, havia uma importante observação alertando que, após este último trecho percorrido, haveria um ponto de apoio de Mariza e Egydio, na Pousada São Sebastião. Por lá, além do habitual carimbo, costumam oferecer uma famosa banana flambada... contávamos fielmente com isso mas, infelizmente, não encontramos o tal ponto de apoio. A imagem e o cheiro, da tal banana flambada, permaneceu em nossa imaginação e na 'boca' de nosso querido Agnaldo - o 'doceiro'. 

Chegamos a Usina do Limoeiro, novamente em meio a um canavial, e como não tínhamos onde parar,  continuamos sempre em frente, subindo, subindo, subindo...



Até que, ao final desta longa e ingrime subida, chegamos ao que parece ser uma 'visão'... um 'oásis'. Há uma imensa figueira, com banco, mesa e uma sombra... daquela que é capaz de nos refazer de qualquer cansaço. Paramos aqui e aproveitamos para fazer nosso 'almoço'.  








Temos aqui uma conversa onde, Rosana e Agnaldo, novamente agradecem muito toda nossa ajuda, ao que concluo, dizendo: "Mas o que seria de nós, se não tivéssemos ajudando vocês?? Provavelmente já teríamos chegado!" Uma pausa e todos ficam muito sérios. Daí continuo: "E o que é realmente o caminho? Não é a chegada... e sim o percurso, junto com todas as histórias que criamos durante este..." Todos sorriem, abaixam as cabeças e, pensativos, subimos na bike para continuamos nossa jornada. 

Á partir daqui, estamos muito perto! Faltam, aproximadamente, uns 8 km para o fim... então, vamos concluindo bem lentamente, rindo, conversando e aproveitando nossos últimos minutos no caminho. Há também umas placas, com mensagens, muito animadoras!




Paramos na lanchonete 'Delícias do Milho' para pegarmos nosso penúltimo carimbo, antes de chegar no Mini Horto. Ganhamos um picolé de limão de Agnaldo!


Silvana Bianchi, não encontrei aquela placa, que você havia me pedido para 'lembrar de você', mas mesmo assim, pensei muito em você, também lembrei de minha querida amiga peregrina Maria Luiza Gazzetta... e de tantos outros que passaram ou gostariam de um dia passar por aqui! 

Foto: Silvana Bianchi
Foto emprestada de Maria Luiza Gazzetta
Esta foi a última placa, antes da entrada da cidade em Águas de São Pedro, e realmente,  quem quer que tenha chegado até aqui, superou algo... cansaço, tristeza, fome, frio, calor, saudade... enfim, ela diz tudo sobre todos!



Logo na entrada, há outra placa, sinalizando que a Casa de Santiago está bem próximo. Por isso, paramos para fazer uma foto de nosso grupo.



Á partir daqui, seguimos observando todos os detalhes da cidade... aproveitando um pouco mais das últimas setas amarelas, que serviram para nos orientar nos últimos dias e que tanto sentiremos falta, assim que terminar o caminho. Sempre comentamos que a vida seria bem mais fácil, se tivessem setas nos mostrando por onde ir para sermos mais felizes. No entanto, as setas acabam nos lembrando que encerrou o 'mundo da fantasia' e somos novamente colocados no mundo real... mas não somos mais os mesmos...

Tenho o privilégio de ouvir algo que comprova isso, da minha mais nova companheira de cicloviagens, Rosana. Naqueles momentos que 'pensamos alto', ela diz: "Poxa vida, acabou... e eu ainda tenho tanto a aprender...". 

Sempre que concluímos qualquer etapa da vida, ou de um caminho, pensando desta forma, é porque algo nos tocou! Isto significa que nunca mais seremos as mesmas pessoas... Me arrepiei e sorri emocionada pensando:

"Uma mente que se abre a uma nova ideia, jamais voltará ao seu tamanho original" - Albert Einstein  

Tenho certeza que ela não abriu apenas sua mente, mas abriu também seu coração... Sinto-me exatamente assim, desde que comecei a pedalar! Tenho aprendido muito com as pessoas... aprendo como elas podem nos surpreender de forma positiva, principalmente quando não criamos expectativas ou não estamos esperando nada delas... aprendo a ser mais humana, respeitar mais as pessoas, respeitar as diferenças, não reclamar, agradecer, enfim, me sinto um ser humano melhor a cada nova experiência que tenho. Acho que é por isso, que esta prática (peregrinação/bicigrinação) é extremamente viciante... 

Seguimos pela rua principal, viramos a esquerda, e de repente vemos ao fundo a Igreja Matriz, com o 'Portal dos Caminhos'... momento feliz! Paramos para registrar nosso 'quase' encerrado caminho.







Ao terminarmos a sessão de fotos, observamos que um certo senhor vinha em nossa direção com um sorriso, como se já nos conhecêssemos. Quando ele está próximo, se apresenta: "Olá, meu nome é Carlos. Sou peregrino e acabo de terminar, há dois dias, o Caminho do Sol, assim como vocês!" Agora entendo seu olhar e sorriso... ele sabe exatamente pelo que passamos, até chegar aqui. Uma foto com ele para continuarmos em direção ao Mini Horto. 



Para 'variar', o Mini Horto fica em uma subidinha... mas estamos tão anestesiados que não estamos 'tintindo' nada. Logo na entrada, vemos o 'Sino da Glória' e, eufóricos, partimos para tocá-lo!








Coincidentemente, o pessoal de Rio Claro também foi chegando na mesma hora. 



Sigo as últimas setas que terminam no Altar de Santiago, onde nos aguarda nosso peregrino idealizador do Caminho do Sol, Palma, com seu famoso abraço peregrino! 








Assim que chegamos aqui, Bruno vem juntar-se a nós e cumprimos a nossa promessa de fazer aquele 'Clube Social' nele!




Palma carimba nossas credenciais, pela última vez.



Assim que todos vão chegando, ele dá início a uma cerimônia, explicado todos os detalhes sobre a 'Ara Solis', certificado de conclusão do percurso e, após isso, começa a chamar um por um, para recebê-la. Algo que achei o máximo, é que você pode escolher quem entregará o certificado a você e, depois, terá que fazer um pequeno relato de como se sente... 





Bruno escolheu recebê-la de Filipe:



Filipe e eu, escolhemos recebê-la de nosso querido amigo peregrino, Palma. 






Agnaldo escolheu recebê-la de Bruno.



E por fim, Rosana me permite ter o privilégio de entregar a ela.



Após a entrega de todas as 'Ara Solis', nos despedimos de Palma e Bruno, que seguirão seus 'caminhos'... 

Rosana, Agnaldo, Filipe, eu, decidimos aproveitar o 'brinde extra' que acabamos de receber do Caminho do Sol: Um banho por imersão no balneário da cidade... 

No entanto, como o tal balneário abriria apenas às 15 hrs, e ainda eram 14 hrs, fomos todos 'sujinhos' mesmo, almoçar no restaurante Ponto de Encontro, junto com nossos amigos que gentilmente vieram nos buscar. 




De barriguinhas bemmm cheias, fomos para o Balneário tomar nosso banhinho... 




Após 20 minutos de banho em água sulfurosa, 'novos em folha', nos despedimos e também seguimos, cada qual para seu caminho... partimos para casa, levando em nossas memórias um 'Caminho do Sol', mas não foi apenas isso... levamos também o Caminho das amizades, das lembranças divertidas e da gratidão... sempre!


Até logo, Águas de São Pedro, até breve meus amigos...


Adeus 'Caminho do Sol'...


The End

Dedico este relato ao meu melhor amigo, parceiro e amor, Filipe. Desde que entrou em minha vida, meus caminhos tem tido muita alegria, história e diversão! Obrigada por existir... 

Um comentário:

  1. foi realmente um final grandioso, com certeza inesquecível, este caminho é árduo, cheio de subidas e surpresas, porém em todo tempo foi especial, amigos de pedal, de conversa, de planos, valeu demais mesmo....

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