quarta-feira, 30 de abril de 2014

CAMINHO DO SOL - O QUE É E PORQUE FAZER?

'O caminho do Sol' surgiu a partir de um sonho do Sr. Palma, um peregrino, que ao concluir sua caminhada em Santiago de Compostela, em junho de 1996, teria retornado alucinado com a ideia de continuar sua caminhada. Isto aliado ao fato de ainda não termos um ambiente propício a caminhadas de longa distâncias e a intenção de retribuir ao universo as alterações interiores resultantes do caminho de Santiago, fizeram-no lançar em busca de alternativas para transformar seu sonho em realidade. 

Para quem não sabe, o Caminho de Santiago de Compostela, é uma rota milenar de 850 km de distância, que cruza o norte da Espanha. As pessoas que fazem este caminho, estão em busca do valioso "ser" ao invés de "ter", ato semelhante ao que teria motivado o Apostolo Tiago (São Tiago = Santiago) abandonar seu conforto e seguir a Cristo. Este caminho normalmente é feito em aproximadamente 33 dias a pé e em 13 dias de bike. 

Como forma de preparação, o Sr. Palma criou o Caminho do Sol, uma rota no interior de São Paulo com 240 km, que poderá ser concluída a pé, em 11 dias, ou de bike, em 3 ou 4 dias. Cruzando cidades históricas, fazendas e plantações, o lugar dá a oportunidade de peregrinos e bicigrinos experimentar sensações físicas e emocionais. 

Como fazer o caminho?

Para se fazer este caminho é necessário solicitar através do site www.caminhodosol.org uma pré-inscrição e após executar os processos que será detalhado em seu e-mail. Você participará de uma palestra orientativa e receberá mapas deste caminho do próprio Palma, idealizador da rota.  O custo aproximado por pessoa (bicigrino) será de mais ou menos R$ 550,00, incluindo as refeições e as pousadas. 

Porque fazer o caminho?

Muitas pessoas que conheço fizeram este caminho de bike. Tive muitas dúvidas antes de decidir, visto que já tinha feito o Caminho de Santiago e recentemente o Vale Europeu. Perguntava-me, já que o Caminho do Sol seria a preparação de algo maior, valeria a pena fazê-lo agora? A primeira razão para eu fazê-lo era óbvia... tinha apenas 4 dias de folga, dois feriados que se encontraram sexta e segunda-feira (18 e 21 de abril de 2014). Mas o medo da decepção ainda me torturava... por isso, empenhei-me em uma pesquisa, a mais profunda que conseguisse, para tentar decidir este assunto. 

Encontrei alguns vídeos no youtube, o que foi de cara, muito animador. 

Na sequência, comprei um livro digital chamado: Caminho do Sol - Uma vivência transformadora, onde trás vários capítulos com depoimentos de peregrinos/bicigrinos que concluíram esta rota e o livro Relatos de um Cajado, de José Palma. Me apaixonei pelos relatos... mas acima de tudo, descobri vários motivos reais para fazer o caminho. 


 

1º Sempre podemos fazer novos amigos - Em todas as viagens que fiz, sempre conheci muitas pessoas que valeram muito a pena! Nestas oportunidades, expandimos nossas relações com pessoas que nem imaginaríamos encontrar e é sempre muito bom!!

2º O caminho é só seu - Não importa o quanto foi positivo ou negativo o caminho de alguém que você conheça, os motivos que o incomodou podem não ser os motivos que te incomodarão. O ritmo, o clima, o condicionamento, a companhia, o nascer ou o por do sol, o passarinho, enfim, tudo vai interferir diretamente na sua experiência com a rota. O caminho e os motivos são só seus e só dizem a respeito de você mesmo. Cada um deverá saber o que tirar de experiência do que quer que faça... e, de acordo com o Peregrino Arthur Fernando Rodrigues Motta, do livro digital Caminho do Sol, '...os acontecimentos vão se sucedendo, alguns alegres, outros nem tanto, alguns impressionantes de imediato, outros que agem com o tempo, alguns que roubam lágrimas no ato e outros que deixam saudade e ternura, mas todos certamente marcantes (e necessários na medida de cada um)...'

3º Sair da capsula (Peregrino Auro Lucio Silva) - Desde que estejamos dispostos a nos abrir, deixando de lado as couraças que nos isolam e nos protegem da 'vida normal', posição social, familiar ou quaisquer necessidades que nos levem a usar máscaras, seremos envolvidos rapidamente em laços de confiança, emoções e sentimentais que normalmente, em nossas vidas medíocres, provocariam reflexos de defesa e nos encapsulariam nas fortalezas emocionais onde normalmente passamos a totalidade de nossos dias... Achei fantástico este motivo!

4º Liberdade (Peregrina Bruna Maria Bratoli de Noronha) - Aquela que só a mãe natureza sabe nos conferir... a de ir e vir sem nos julgar. Aquela que nos apresenta a beleza do lugar, sob uma ótica única, mas... só se vê bem com o coração, pois o essencial é invisível aos olhos...

5º Acima de tudo... você pode ir ao lugar mais lindo do mundo... mas você apenas o encontrará, se já o levar consigo!

Enfim... a 4 dias de começar o caminho, estou contando as horas, minutos e segundos para começar minha nova aventura... 

Fonte de pesquisa:
http://www.amigodaalma.com.br/2010/01/02/caminho-do-sol-saude-e-cultura-ao-alcance-dos-pes/

SANTANA DE PARNAÍBA - INÍCIO DA AVENTURA 17/04/2014

Hoje é o grande dia! Embora o pedal não começará oficialmente hoje, no período da noite, seguiremos até Santana de ParnaíbaEsta semana o clima estava tenso, pois choveu muito. Estávamos receosos de começar o famoso Caminho do Sol em plena chuva. Mas, para nossa alegria, ontem o clima estabilizou e o sol apareceu com toda sua energia! Fiz uma pesquisa e a previsão do tempo, para o final de semana, não poderia ser melhor:



Antes de partir, muito cuidado com toda a organização, para garantir que tudo o que precisaremos estará em nossos alforges. 





Uma coisa muitoooo bacana, é que encontramos uma empresa em São Paulo, Moon Bikers, para confeccionar nossos uniformes. Eles não rejeitam um pedido de poucas unidades... fazem à partir de uma única peça, o que é sensacional. Sua proprietária, Maia Ávila, atende pessoalmente nossas ligações. Ela é ciclista e entende muito bem nossos desejos e necessidades. Tenho que dizer que o resultado de seu trabalho superou todas as minhas expectativas! Enviei a arte no dia 07/04 e uma semana depois, no dia 15/04, já estávamos com os uniformes! Para minha tristeza, o uniforme do Filipe ficou pequeno... por isso, no dia 16/04 liguei para ela, às 08:00 hrs, contando o ocorrido. Ela me garantiu que se eu fosse buscar em SP, faria outro a tempo! Dei o famoso 'jeitinho brasileiro' e pedi a um amigo que passasse por lá. Só tinha um detalhe... o único horário que ele poderia era às 13 hrs. Avisei a Maia e ela fez o impossível! Exatamente às 11:47 Maia me ligou avisando que o pedido estava pronto... duas camisetas em um tamanho maior. Para minha alegria, meu amigo conseguiu passar lá e no mesmo dia, no período da noite, meu maridinho provou a nova camiseta que ficou perfeita! Mas o trabalho da Maia não parou por ai... ela ficou mesmo chateada sobre as camisetas que ficaram pequenas e conseguiu divulgar a algumas pessoas que se interessaram e no mesmo dia me ligaram pedindo que eu vendesse para eles! Este foi o resultado de nossos uniformes:


Moon Bikers - 11 2306-4441 ou 11 997 076 867
E-mail - vendas@moonbikers.com.br
Antes de partirmos, como de praxe, fiz algumas pesquisas sobre a cidade que daremos início a nossa aventura e descobri algumas informações bem legais!

Santana de Parnaíba

A primeira coisa bacana sobre sua fundação é bem pouco comum, afinal, se deu por 'mãos feminina' - Susana Dias. 

Susana era Mameluca - mãe índia / pai português, e nasceu em 1552. Muito católica desde a infância, seu desejo inicial era ser freira. No entanto, após uma futura previsão sobre sua vida (que seria mãe de descobridores) casou-se, com apenas 12 anos, e teve algo entre 13 e 17 filhos (em cada pesquisa vi um número diferente!). Aos 37 anos ficou viúva e casou-se novamente. Faleceu aos 82 anos, em 1.634. Em sua época, mulheres como ela ficavam em casa administrando as terras enquanto os homens embrenhavam-se pelas matas e redefiniam as fronteiras brasileiras. 

Susana é considerada matrona paulista, devido a um conjunto de ações que tomou após a morte de seu primeiro marido. Ela teria se estabelecido em Parnaíba (nome indígena que significa: 'rio ruim', devido a queda d'agua que era um obstáculo a navegação) e passou a fazer várias doações de terras, a fim de atrair homens bons para a vila. Isso colaborou fortemente para que no ano de 1.625, o povoado se desmembrasse de São Paulo vindo a se tornar a Vila de Santana de Parnaíba (O nome Santana foi inserido por Susana, que era devota de Santa Ana, tia de Jesus. Susana garantiu que a santa fosse inserida no nome e a transformou em padroeira da cidade). Conforme a 'previsão', três de seus filhos tornaram-se bandeirantes famosos e importantes. André Fernandes é considerado o fundador de Santana de Parnaíba, embora tenha sido as ações de sua mãe que garantiram a existência da vila; Domingos Fernandes foi o fundador da Vila de Itu e Baltazar Fernandes o fundador da Vila de Sorocaba. 

Susana demonstrou ser uma ótima referência em mulher. Não foi apenas uma coadjuvante na vida de um homem e sim uma líder que deixou sua marca na história, pois foi capaz de pensar, agir, decidir, se relacionar e de certa forma colaborar com articulações políticas em uma época em que a mulher era desprovida de cidadania ou identidade (gosto muito de histórias assim).



Centro Histórico

A segunda coisa que amei descobrir sobre a cidade, é que o centro histórico de Santana é detentor do maior núcleo urbano em taipa de pilão (construção a base de argila e cascalho, muito usada entre os séculos XV e XIX). São 209 casas no total! Li em um site, que em alguns momentos, teremos a sensação de estar visitando alguma cidade nordestina...



Além disso, a cidade possui um grande acervo histórico relacionado aos bandeirantes. Por esta razão tem um movimento turístico bem intenso. 

Sexta-Feira Santa

Chegaremos na cidade na quinta-feira, véspera do feriado santo. Devido a isso, estará acontecendo o Drama da Paixão de Cristo. É um evento que reúne 120 atores e uns 400 figurantes da comunidade, e o melhor, é gratuito. Se conseguirmos chegar a tempo, quem sabe, será possível assistir um pouquinho do espetáculo.




Pousada 1896

O ponto de partida do Caminho do Sol se dá à partir de uma Pousada localizada no centro histórico de Santana. 1896 é um sobrado, tombado e restaurado pelo CONDEPHAAT em acomodações coloniais, tipicamente decorado com antiguidades. 



Aqui, seremos recebidos pelo simpático Emanuel, proprietário e historiador. Já ouvi dizer que ele faz questão de nos explicar tudo o que pode sobre a pousada, cidade e caminho do sol. 

Aguardo ansiosamente chegar lá! Até breve...

http://www.parnaibaweb.com.br/santana-de-parnaiba/pontos-turisticos.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Susana_Dias
http://www.parnaibaweb.com.br/santana-de-parnaiba/monumentos.html
http://www.parnaibaweb.com.br/santana-de-parnaiba/historia-de-santana-de-parnaiba.html
http://www.ilocal.com.br/guia-de-cidades/santana-de-parnaiba
http://www.jornalcomunicacao.com/MaisAnuncio.asp?CodProduto=5569

SANTANA DE PARNAÍBA - CHEGADA 17/04/2014

Partimos de carro, com nosso amigo Luiz, às 19 horas. Embora fosse início de feriado prolongado, o fluxo intenso de carros vinha no sentido oposto (capital / interior). Devido a isso, chegamos em Santana às 20:30 hrs. Antes de encontrarmos a pousada, passamos pelo centro da cidade e achei muito bacana. Ali, temos aquela sensação de vila antiga,  que parou no tempo... é estranho pensar que estamos tão perto de São Paulo. Encontramos a pousada e fomos recebidos por Cristian, acho que filho de Emanuel, dono da pousada. Infelizmente, não pudemos conhecer pessoalmente Emanuel, que teve de ir até São Paulo para alguns compromissos. 



Descarregamos as bikes / alforges e decidimos pegar uma carona de carro até  às margens do rio, local onde aconteceria o 'Drama da Paixão'. Quando chegamos, havia uma grande arquibancada montada e, em frente, uma cidade cenográfica. Tudo é muito bem montado para retratar a época de Cristo. Para nossa alegria, o evento que estava programado para iniciar às 20:00 hrs estava 1 hora atrasado, o que nos permitiu assistir desde o início. Assim que começou, houve uma grande vibração,  por parte do público.


A história teve início com Saulo de Tarso, grande perseguidor dos cristãos do primeiro século. Após ficar cego, ele recebeu o milagre de ter sua visão restaurada. Á partir daí, mudou completamente sua vida e passou a ser conhecido como cristão e apóstolo Paulo. De perseguidor, passou a ser também perseguido. 


Logo após, contou-se também um pouco sobre o apóstolo Pedro, como foi preso e depois morto por pregar o cristianismo. 


Apresentou-se também, a história de João Batista, primo de Jesus. Este, tinha como objetivo preparar o caminho para Cristo. João teve o grande privilégio de batizar o próprio Jesus Cristo. 


Herodes Antipas mandou prender João Batista após João tê-lo chamado a atenção, visto que Herodes vivia em adultério, por ter se divorciado indevidamente de sua esposa para casar-se com sua cunhada Herodias, esposa de seu irmão ainda vivo. Um ponto alto do espetáculo, foi a festa que Herodes ofereceu a homens importantes, onde bêbado, ofereceu a filha de Herodias qualquer coisa pertencente a seu reino em troca de uma única dança. Infelizmente, após dançar, ela pediu a cabeça de João Batista. 



A história é bem conhecida, por isso não vou relatá-la por completo. O espetáculo é incrível, embora haja alguns trechos que não são compatíveis com a realidade retratada na Bíblia. Quem quiser, poderá conferir o evento de perto em Santana de Parnaíba, que ocorre anualmente, próximo a sexta-feira santa. Fiz alguns vídeos e editei, segue o link: http://youtu.be/ito7MK1PLOE

Voltamos caminhando e aproveito para fazer algumas fotos pela cidade. 




De volta a Pousada 1896, nos dirigimos direto para o quarto a fim de descansamos bem, para aproveitarmos o máximo do nosso primeiro dia de pedal no Caminho do Sol. 

terça-feira, 29 de abril de 2014

DIA 1 - SANTANA DE PARNAÍBA A ITU - 61 KM - 18/04/2014


Acordamos às 6:30 para começarmos bem cedo nosso primeiro dia! Arrumamos as bikes / alforges e fomos tomar nosso café da manhã. 








Logo após, chegou um grande grupo de 14 ciclistas. Estão vindo de Rio Claro e farão o mesmo percurso que também faremos. Estão muito eufóricos! Começam a se espalhar pelas mesas e tomam o desjejum para logo partir.


Voltando para o quarto, conhecemos Rosana e Agnaldo, um casal de Valinhos, que também farão o percurso de bike. Conversamos rapidamente e logo estamos todos em frente a pousada, prontos para partir. Faço pose de tripé para uma foto deles, em frente a pousada.




O grupo dos 14 ciclistas ainda estavam terminando os últimos ajustes quando decidimos partir. Basta seguir as setas amarelas e as informações obtidas através do Guia, que recebemos junto com nosso colar e credencial .



Aproveitamos a companhia do casal e paramos para uma foto de nossos próximos destinos: 


Seguimos pela Estrada dos Romeiros, margeando o rio que atravessa a cidade de Santana. É uma pena estar tão poluído, pois ainda é muito bonito!


Hoje é sexta-feira santa. Assim que partimos, começamos a encontrar vários romeiros pelo caminho. Este, além da cruz na cabeça, vai descalço.


Este quarteto fantástico, começava aqui uma grande e fraterna amizade... que geraria muitos 'selfie' pelo Caminho!


Para sairmos da cidade, percorremos muitos quilômetros subindo... agora entendo o porque Palma (idealizador do Caminho do Sol) disse ter percebido uma relação entre os Caminhos de Santiago e o Caminho do Sol, aliás, eu encontrei muitas coincidências, o tempo todo! Por exemplo, quando chegamos na 'Cruz do Século' - Cruzeiro, em Pirapora do Bom Jesus, para mim, acabávamos de chegar no 'Alto do Perdón'. 


Foto do Caminho de Santiago - Alto do Perdón





Aqui do alto, a visão é muito bonita! É possível ver lá em baixo o Seminário Belga e boa parte da cidade. Aproveitamos para fazer algumas fotos. 





Mas, tudo o que sobe, um dia tem que descer... desta vez optamos por fazê-lo fora da bike, tamanha era a descida. 


Após a intensa descida, descobrimos que havíamos errado o caminho e chegamos a um lixão. Depois de muitas risadas, conseguimos encontrar uma saída através de uma 'casa', pulando uma cerca, chegando assim em um cemitério ( :| ), voltando a ver as setas do caminho. Mais algumas descidas e saímos em frente a rodoviária de Santana do Parnaíba. Ouço alguém chamar meu nome e fico muito feliz em descobrir quem é! Minha querida amiga Alessandra Paes veio a pé, em romaria. Ela também é ciclista e pedala de vez em quando conosco. Sempre temos 'altos papos' sobre Compostela, o sonho de peregrinação da minha amiga. Hoje, ela caminhou a noite toda. Foram simplesmente 40 km em aproximadamente 12 hrs.... isso é uma caminhada e tanto!! Eu a admiro muito e acho que ela sabe disso. Amei saber que ela estava muito atenta, pois disse-me ter certeza que acabaria por nos encontrar... ganho um abraço peregrino muito gostoso!



Após nossa despedida, e um desejo de 'Bom Caminho' de minha querida amiga, continuamos seguir as setas que nos levaram em direção ao centro, até a Matriz. Fomos obrigados a descer da bike, devido a tantas pessoas pelas ruas. Foi bem complicado encontrar uma brecha para a foto. 


Na sequência, passamos no Restaurante e Pousada Casarão, um ponto de apoio ao peregrino, para pegarmos nosso segundo carimbo. Se não fosse sexta santa, e tivéssemos mais tempo, Márcio, responsável pela pousada, com certeza nos levaria para conhecer o Seminário Belga. Mas desta vez isso não será possível... ficará para uma próxima. 


Sair de Pirapora não foi uma tarefa tão simples. A estrada em si já é bastante perigosa em dias 'normais'. Hoje, haviam muitas pessoas chegando, exatamente no momento que estávamos partindo. Na entrada da cidade, estava uma confusão intensa e, devido a isto, tiramos rapidamente algumas fotos e fomos embora.





Á partir daqui, a coisa ficou muito tensa... tínhamos a sensação que todos os grupos de motoqueiros do Brasil decidiram vir para cá... eles vinham todos juntos, em alta velocidade, fazendo curvas fechadas e por vezes quase esbarravam em nós. Decidimos abaixar a cabeça e pedalar, para sair da Estrada dos Romeiros o quanto antes. Fizemos a primeira parada próximo a Cabreúva. 


Neste momento, conhecemos mais uma pessoa muito especial. Ele chamou a atenção pelo alforges engraçados. Mexemos com ele na subida e logo ele nos alcançou... Estava pedalando sozinho e se ofereceu a tirar nossa foto. Seu nome é Bruno, e mora em Santana do Parnaíba. Á partir daqui, adotamos ele, que decidiu seguir com nosso grupo. 


Com nossa 'família' uma pouco maior, vamos pedalando, esperando, para que possamos seguir todos juntos. Seguimos as setas (muito lindinhas por sinal, aqui em Cabreúva) que nos levam ao centro da cidade, em frente a Matriz. Tentamos pegar um carimbo por ali, mas não achamos ninguém, por isso seguimos em frente. 



Já é quase meio dia e estamos famintos. Por isso, decidimos parar no ponto de apoio aos peregrinos aqui da cidade, Pousada da Colina, para tomarmos algo gelado enquanto comemos nossos lanches... 



O pequeno detalhe é que, para chegarmos na pousada, temos que subir muitoooo! Mas valeu a pena. O lugar é um verdadeiro paraíso e fomos muito bem recebidos por Márcia. 



Tivemos uma recepção calorosa, até mesmo dos cães do local, com direito a beijinhos e tudo!





Pegamos nossas bebidas e nos sentamos para comer. Márcia queria muito que almoçássemos por aqui, mas explicamos a ela que ainda tínhamos um bom percurso para percorrer e de barriga muito cheia não conseguiríamos. Ela foi super compreensiva, mas não nos permitiu sair dali sem experimentar o tal bacalhau feito por ela... um mimo! Ela foi incrível... que alegria de mulher, amei as histórias, simpatia e as atitudes dela! Obrigada minha querida! Precisamos marcar para voltar e ficar mais tempo com você!!




Ao sairmos daqui, achei o máximo a dica de nosso guia, alertando que faríamos uma 'escalaminhada'. Entendemos rapidinho, quando começamos a subir... cada um em seu ritmo e no alto um espera pelo outro. Depois disso, nosso próximo objetivo era chegar ao Bar do Limoeiro e soubemos por esta sinalização que estava perto. 



No entanto, a bike do Bruno começou a apresentar alguns problemas... Bruno logo ficou sabendo, através do Filipe, que falou apenas uma única vez, que o problema era a falta de lubrificação nos cabos, certo Bruno? (rsrs) Por esta razão, seguimos um pouco mais devagar, sempre esperando que nosso companheiro chegasse para que pudéssemos partir... afinal de contas, não podemos deixar ninguém para trás! Por várias vezes, ele nos pedia para seguir sem ele, mas o avisamos que não faríamos isso e chegaríamos todos juntos! Eu amei a ideia de espera-lo, afinal, pude fazer várias fotos do local, que é um dos mais bonitos do caminho!




Muito próximo ao Armazém do Limoeiro, a foto de nossa alegria! Já estávamos contando com a ideia de comer o famoso pão com mortadela e tomar uma tubaína! 


Só para entender, o Armazém do Limoeiro existe desde 1901. É atração turística, não só por sua fachada grandiosa, mas principalmente por conservar as mesmas características do passado, tornando-se assim, ponto de encontro de pessoas que ali chegam para contar emocionadas histórias do seu passado ou para reviver lembranças de sua infância, quando iam com seus pais ou avós 'fazer a compra do mês'. Em nosso caso, o ponto turístico fica em nosso caminho, justamente para podermos nos reabastecer ou 'esvaziar', pegar nosso carimbo, antes de seguir por mais 12 áridos quilômetros, até o Haras do Mosteiro. Para nossa desagradável surpresa,  o Armazém não abre em sexta-feira santa, desde 1901, de acordo com seu proprietário. Por esta razão, fizemos a nossa foto e partimos. 

'Alegria' total rsrs
Á partir daqui, abaixamos a cabeça e pedalamos... mais algumas subidas e descidas até avistarmos de longe o belo Haras! A entrada fica escondidinha no meio de uma descida... por isso, temos que ficar atentos para não perdê-la. Filipe fica aguardando Bruno enquanto Agnaldo, Rosana e eu vamos, só para variar, subindo até a pousada. 




Somos muito cordialmente recepcionados por Ruth. Quando chegamos todos, fazemos um brinde em comemoração ao final do primeiro pedal do Caminho do Sol!


Depois disso, fomos tomar um banho e lavar a roupa, rotina típica de bicigrinos. 



Aqui no alojamento, conheço um peregrino muito especial, que dormirá conosco. Seu nome é Paulo, é administrador de um município próximo e faz sua primeira jornada peregrina. Converso com ele durante algum tempo e fico sabendo que tomou difíceis decisões a bem pouco tempo, como mudar radicalmente sua alimentação e parar de fumar. Elogio-o muito por isso! Ele está cansado, saímos então do quarto, deixando-o repousar. Vou dar uma voltinha para fazer algumas fotos do final de tarde... aproveito o momento solitário, para pensar no dia maravilhoso que tive ao lado de meu querido marido e de meus mais novos amigos!





Quando volto, já está na hora do jantar... nosso querido peregrino, Paulo, se junta a nós e temos um jantar maravilhoso, cheio de histórias e causos... acho muito interessante o quanto é possível confiarmos tão rapidamente em pessoas que ainda não conhecíamos... aqui, isto é possível!




A comida que Ruth nos preparou estava divina! Após o jantar, fomos todos para nosso alojamento a fim de descansamos, para mais um dia maravilhoso no Caminho do Sol!